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terça-feira, 20 de setembro de 2011

A (in)segurança de Aécio Neves

do minas sem censura


Segunda-feira, 19 de setembro de 2011. O tro-lo-ló semanal do senador Aécio Neves destaca, de forma confusa, o tema da segurança e o da violência.
        Em seu penúltimo parágrafo, aparece – novamente – a senha de todos os artigos que assina:

“Há nesses dados orçamentários (os do governo Dilma; que, aliás, ele não especifica) indicações claras do improviso e da dificuldade de gestão do governo também na segurança pública”. Ou seja, na falta do que dizer sobre projetos políticos mais amplos, ele volta com a prosa da “gestão”. Claro sinal dos tempos: uma política despolitizada, de quem não tem o que dizer.O que precede seu museu de velhas novidades é uma sucessão de afirmações genéricas, confusas e desconexas.
Ele diz, por exemplo, que “assistimos nas últimas décadas a um aumento explosivo da violência até em regiões tranquilas, como o Nordeste”. Violência é um conceito polissêmico. Existe a criminal, a doméstica (ou intrafamiliar), a urbana, a de trânsito, a étnico-racial, a escolar, a política, a sexual, a econômica (fome, desemprego etc), a do Estado.  A de trânsito, por exemplo, com motoristas bêbados, matou e feriu centenas de milhares de pessoas, nas últimas décadas.
Sua menção ao Nordeste mirou no que viu e acertou no que não viu: cheira ao preconceito “Mayara Petruso”, para lembrarmos a destilação de ódio aos nossos irmãos nordestinos.
Aliás, a base dele na Assembleia Legislativa de Minas Gerais vive a acusar Lula e Dilma de privilegiarem os investimentos no Nordeste, prejudicando Minas. Chegam a dizer que “arrancaram um pedaço da Fiat e levaram para Pernambuco”. Eis mais um tipo de violência: a da mentira deslavada.
Quanto ao nordeste “tranquilo” ele só pode estar falando das praias que frequenta e leva tombos de moto, como em Jericoacoara, no Ceará. O coronelismo, o cangaço, a grilagem de terras, a fome, a truculência policial, o patrimonialismo e o machismo são fenômenos históricos que confirmam e ampliam sua tese: há séculos a violência polissêmica é uma realidade por lá. Como ele fala em décadas e diz que não há política de Estado para enfrentar o problema, relembramos: ele foi eleito em 1986 à Câmara Federal, ficou lá por 16 anos, foi seu presidente no biênio de 2001-02 e não há nenhuma iniciativa sua que aponte para a construção de uma política de Estado de combate à violência e à criminalidade.
O que ele elenca como contraponto, em sua experiência de governador, é um programa focalizado (o “Fica Vivo”) que nem sequer arranha as estatísticas de redução substantiva de homicídios em Minas Gerais. É, de fato, uma ilha de excelência. Mas só isso.
Mas, ele ousa criticar, até mesmo, a política antidrogas do governo federal e as ações de combate à disseminação do crack. Discreto, ele se vê obrigado a raspar um tema tão espinhoso. Afinal, a drogadição é fonte, inequívoca, de violência criminal. Ainda assim, vale o registro: cara de pau.
Bem, o fato concreto é que há um outro tipo de violência que ele poderia abordar seus textos atróficos: o da violência do governo mineiro para com os grevistas da educação, da saúde e do meio ambiente. Corte de salários, ameaças de demissão, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, cassetetes, práticas anti-sindicais diversas, mentiras divulgadas (com dinheiro público) na mídia comercial, uso da Justiça e do Ministério Público estaduais para legitimar o descumprimento de norma federal e decisão do STF, etc. Em suas poucas semanas como articulista na mídia comercial, ele nunca se referiu a esses temas.
Ao dar conselhos e criticar qualquer coisa, Aécio Neves deveria primeiro se retratar perante o Brasil. Teve ele tempo e recursos para praticar o que agora aconselha. Por que não o fez?

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