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terça-feira, 6 de março de 2012

A dívida de Aecio Neves

Aecio Neves FHc ate tu brutus
“O país fica a cada dia menos federalista e mais concentrador. Trata-se de crônica doença do Estado brasileiro, que se adensou perigosamente como nunca antes na nossa história.”
Um pequeno parágrafo com dois períodos inaugura mais um texto, das segundas-feiras, firmado pelo ilustre senador carioca, Aécio Neves. No diminuto parágrafo há uma grande impropriedade histórica: vivemos em um país cada vez menos federalista e mais concentrador. E com direito a ironia (como nunca antes na história).
Assim como José Serra, Aécio desconhece os nomes do país que ele quer um dia presidir e não faz as devidas correlações com a concentração de poder político e econômico. Em 2012, para seu exercício historiográfico, o Brasil concentra mais poder no governo central do que nos tempos de Pindorama, Terra de Vera Cruz, de Santa Cruz, Brasil, Império do Brasil, Estados Unidos do Brasil e República Federativa do Brasil. Além da genérica leviandade histórica, nosso Zé Carioca ainda absolve as ditaduras Vargas e Militar (1964). Para ele, todos esses períodos são menos concentradores de poder do que o atual. Ou seja, os tucanos vão mal de líderes. O Zé Paulista acha que o Brasil ainda é “Estados Unidos”. O Zé Carioca acha o Brasil atual pior do que os tempos do Regime de 64, das Ditaduras Vargas, do Império e da Colônia. Isso pronunciado num momento em que militares da reserva assinam documentos saudosistas dos tempos da tortura e da censura, pode sugerir inclusive um flerte entre ele e os eternos golpistas. Freud explica: a obsessão dele pela presidência dispensa rigor analítico, coerência e compromisso programático.
Mas, o aranzel da hora pouco ou nada se refere a qualquer debate sério. Ele quer agora representar as insatisfações dos governadores atuais com a estupenda dívida dos estados relacionado às negociações impostas por FHC em 1997, sob ordens do FMI... aos mesmos estados que ele alega serem vítimas da opressão de Brasília. O ano de 1997 é um emblema: foi exatamente aí que o PSDB elegeu Aécio Neves líder da bancada tucana na Câmara. Ele foi líder até 2000! Em 2001, nunca esqueçamos, foi eleito presidente daquela casa legislativa. Ganha um bafômetro quem achar alguma ação contundente dele contra o endividamento dos estados, nesses seis anos de muito poder que detinha. Ou que não detinha, pois o mesmo estava muito concentrado nas mãos de seu correligionário FHC.
Ah, num parágrafo, ele absolve FHC dessa herança maldita: “A fórmula, do fim dos anos 90 e importante naquele momento, não nos serve mais.” Mais uma vez ele trai FHC, ao elogiá-lo. Insincero ele traz para o centro do debate o balanço do governo federal tucano.
Se, como historiador ele tomou bomba, como economista sua situação é trágica. Ele confunde aritmética com matemática. E o que é pior: exercícios básicos de matemática financeira, até para um aluno faltoso e farrista da PUC-MG, mostrariam cenários futuros distintos. Por seis longos anos, ele teve oportunidade de fazer ou encomendar tais projeções. Mas não o fez. Preferiu ele adotar uma postura servil ao senhor feudal (ou de engenho) Fernando Henrique Cardoso.
Aécio tem grandes dívidas políticas com seus eleitores, seus correligionários do PSDB e aliados. Mas tem uma maior: com a verdade dos fatos históricos. Assim, sua ironia é uma provocação barata e suscita uma resposta no mesmo nível: nunca antes na história do país houve um político com a “missão” de presidir uma nação, tão inconsistente e tão irresponsável com suas análises.

Leia o artigo de Aécio:
Anexo: Até quando - Aécio.docx
Fonte :Minas sem censura

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